Valeu o sacrifício de ficar acordado até seis da manhã.
De segurar o sono e o cansaço depois de um dia intenso de trabalho.
De ver emocionado a medalha de ouro no peito de Rebeca.
Valeu a solidão de uma madrugada onde o sonho pareceu tão próximo. Tão ao alcance das mãos.
A confiança que surgiu outro dia fagueira em uma menina pobre e medalhista de 13 anos.
Revelando que a realidade não é tão assustadora assim.
Esse é o Brasil que dá certo. O Brasil verdadeiro.
O Brasil bom e generoso. Talentoso e criativo.
Que festeja a vida e a diversidade.
O Brasil identitário.
O Brasil real, soberano e bonito.
O Brasil de Daianes, de Rebecas e Rayssas.
O Brasil de Chico, Caetano, Gil e Elis.
O Brasil de Glauber, Vinicius e Tom.
O Brasil de Meirelles, Machado, Guimarães e Drummond.
O Brasil de Milton e Aldir.
O Brasil de Marias e Joãos.
O Brasil de Hebert Conceição.
O Brasil de Portinari, Niemeyer, Darcy Ribeiro e Paulo Freire.
O Brasil de Adhemar Ferreira da Silva, de Garrincha, Ademir da Guia, Didi e Pelé.
Esse é o Brasil que nos enche de orgulho.
O Brasil que o mundo conhece, admira e respeita.
O Brasil do samba, do carnaval, da cultura diversificada e rica, da música, da dança e da alegria.
O Brasil das mulheres mais charmosas e bonitas do planeta.
Esse é o Brasil que nós queremos. O Brasil pulsante do século XXI.
Não o Brasil do atraso.
Eu não quero e ninguém quer o Brasil de mais de meio milhão de mortos.
O Brasil de um governo omisso e incompetente.
O Brasil da corrupção escancarada do Ministério da Saúde.
O Brasil de Guedes, Mário Frias, Sérgio Camargo, Pazzuelo, Milton Ribeiro e Queiroga.
O Brasil dos pastores, traficantes da Bíblia e da fé alheia.
O Brasil do negacionismo, da ignorância, da truculência e da Cloroquina.
O Brasil da terra plana!
O Brasil da antivacina!
Não. Não é esse o Brasil que desejamos.
O Brasil que flerta com o neonazismo e é sumariamente rechaçado pelos próprios partidários alemães.
Por aquela gente abjeta e sem perdão.
Que criticaram sua representante, a deputada Beatrix von Storch.
Por entenderem que a imagem ao lado de integrantes do governo brasileiro, incluindo o presidente, não foi producente para a imagem e para os objetivos do partido e da própria deputada.
Neta do ministro das finanças de Hitler, Lutz Graf Schwer, defende as ideias do avô, que foi um dos mais ferrenhos defensores do nazismo.
O partido da deputada é de extrema-direita, recheado de neonazistas, com tendências racistas, islamofóbicas, antissemitas, sexistas, xenófobas e anti-imigrantes.
Ou seja, nem os neonazistas alemães querem saber de Bolsonaro e seus asseclas por perto.
Afinal, para eles e o seu mundo “decente”, esses brasileiros do governo inspiram o que existe de pior no ser humano.
Como escreveu um internauta no site do partido sobre Bolsonaro, “ele é um bandido que representa a corrupção. Um assassino da sua própria gente. Um chefe de milícia”.
Esse é o país que virou um pária no mundo. Ignorado até pela extrema-direita europeia.
O Brasil dos incêndios no Museu Nacional e na Cinemateca.
Das grilagens de terras indígenas ao descaso com o meio ambiente e com o nosso patrimônio cultural.
Um governo sem empatia que nega ciência, educação e saúde.
Não queremos um país de militares exercendo cargos políticos.
Lugar de militar é na caserna cumprindo tão somente suas funções constitucionais.
Não queremos um país com a visão obscurantista de um Sérgio Reis ou de sertanejos ignorantes, latifundiários, invasores de mata nativas e sonegadores de impostos.
Quando o dia aparece pela janela e escuto os pássaros no jardim, sinto que esses jogos Olímpicos podem ser um novo renascer de um país que sempre existiu e que hoje está adormecido diante da estupidez de alguns poucos.
Delinquentes morais e intelectuais.
Um Brasil representado na figura maravilhosa de uma Fernanda Montenegro.
“… vamos renascer, tenho certeza. Nós temos certeza. Das cinzas vamos renascer. É sagrado o eterno retorno…”
E vamos renascer!
E um novo tempo nascerá como essa manhã de domingo.
E ela será bela, radiante, cheia de projetos e conquistas.
Lembrando Quintana:
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!
Vamos reconstruir tudo que foi destruído.
Porque somos capazes e perseverantes.
E o mais importante, retomaremos o que sempre foi nosso por direito: Liberdade, Democracia e Esperança.