Uma grande parcela dos habitantes dos Estados Unidos, incluindo o público culto e de esquerda, acredita que o marxismo é uma presença insignificante e inofensiva por aqui.

O que pouca gente sabe é que o tratado desenvolvido por Karl Marx e seu amigo também alemão, Friedrich Hegel – dois dos 20 filósofos mais estudados do mundo – já dura mais de 150 anos sem mudanças significativas, como aquelas comuns a qualquer ideologia.

Uma hora predomina uma, outra hora outra, uma mais radical ou mais leve, mais ortodoxa ou mais liberal, mas sem perder em momento algum sua essência.

O livro do historiador sênior da Brown University e militante Paul Buhle (78 anos), chamado Marxism in the United States – a history of the American left, lançado em 1987, analisado pelo jornalista Renato Pompeu em Retratos do Brasil, revelou o interesse que a obra do professor ainda desperta décadas depois.

E o interesse pela obra se intensifica, principalmente, em momentos de crise financeira.

O livro de Buhle cobre todos os períodos da história do marxismo nos Estados Unidos e não fica restrito a um momento específico.

Dos imigrantes socialistas que formaram a espinha dorsal do marxismo estadunidense desde meados do século XIX; da nova fase surgida com a fundação do Partido Comunista dos Estados Unidos da América, no caminho da revolução Russa, a grande influência da chamada Frente Popular nos anos 1920 e 1930, passando por todas as divisões ao longo das décadas seguintes, a participação dos comunistas no movimento anti-racista em que foram a ponta de lança do apoio branco aos movimentos negros; em 1960 e 1970, com o surgimento de um movimento marxista fora do PC e entre os meios que lutaram contra a guerra do Vietnã; e, finalmente chegando ao século XXI.

Vale lembrar, para efeito de História, que Cuba como representante na região do chamado comunismo sempre esteve, incondicionalmente, ao lado dos movimentos sociais e principalmente ao lado das comunidades negras. Che Guevara chegou a trocar correspondência com o ativista e líder Malcolm X, que chamava o revolucionário cubano de irmão.

Outra razão do grande interesse despertado pelo livro, segundo o jornalista, é que ele não defende nenhuma corrente das numerosas vertentes do marxismo existentes hoje nos Estados Unidos.

O autor trata as diferentes correntes pela ótica do historiador, revelando os pontos fortes e fracos de cada tendência e de cada momento.

Para uma idéia bem clara do que significa o marxismo na cultura dos Estados Unidos e da relevância para a civilização globalizada, basta relacionarmos alguns personagens do livro de Buhle que tiveram papel positivo ou negativo, na formação e consolidação do marxismo nesse país.

Cinema: Humphrey Bogart, Bela Lugosi, Greta Garbo, Jeanette MacDonald e o cineasta Spike Jones.

Literatura: Fredric Jameson, William Blake, Stephen Crane, T.S. Eliot, William Faulkner, Gustave Flaubert, Heinrich Heine, Lillian Hellmann, Henrik Ibsen, Jack London, George Orwell, Dorothy Parker, Ezra Pound e Upton Sinclair.

Jornalismo: Walter Lippman e John Reed.

Cantores: Harry Belafonte, Paul Robeson e Bruce Springsteen.

Presidentes: Abraham Lincoln, Richard Nixon, Ronald Reagan e Franklin Roosevelt.

A lista ganha mais destaque ainda com o antropólogo Claude Lévi-Strauss, os sociólogos C. Wright Mills e Lewis Mumford, os economistas Paul Sweezy e Paul Baran, os filósofos Thomas Adorno e Max Horkheimer, o pesquisador Harry Braverman, o líder progressista John Dewey, o psiquiatra e militante Franz Fanon, o físico Enrico Fermi, os psicanalistas Sigmund Freud e Erich Fromm, o político Jesse Jackson, o reverendo Martin Luther King Jr., e o cientista político Karl Korsch.

Nunca os textos de Marx foram tão lidos e debatidos em escala global por tantas pessoas quanto agora. Com o advento das redes sociais esta procura ficou ainda mais intensa. Já existem milhares de sites dedicados ao pensador alemão.

Marxismo. Seria uma nova onda emergindo em meio a crise pós-pandemia?

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