Salomão, cujo nome significa “o pacífico”, foi o terceiro rei de Israel, também conhecido como Jedidias(“amado pelo Senhor”), foi um sujeito muito esperto, que trocou todo poder da terra pela sabedoria.
Foi um juiz justo e imparcial que governou com habilidade e inteligência. Pronunciou, diz a Bíblia, três mil sentenças. Que tratava todos sem distinção, pobres e ricos, estrangeiros ou súditos, com a mesma igualdade. Seu reinado foi próspero e avançado para os padrões da época.
Soube como poucos manter uma boa relação com os países vizinhos. Ao invés de guerras, diplomacia. A sapiência dos grandes líderes.
Algo que não existe atualmente. Basta olhar as figuras grotescas que andam por ai atravancando o mundo.
Na região desértica de Neguev organizou e explorou uma mina de cobre (suas ruínas foram encontradas por arqueólogos). Na margem do Mar Morto, explorava a existência de sal e investiu na criação e no comércio de cavalos entre Cilícia e Egito.
Contam que além de uma grande frota naval, seu exército tinha em torno de doze mil homens a cavalo e mais de quatro mil carros.
Expandiu suas frotas comerciais pelo mundo desconhecido. Desenvolveu o país e estendeu relações muito além de suas fronteiras.
No golfo de Acaba, construiu o porto Asion-Gueber, para comercializar com a Arábia, Etiópia e Índia (que segundo historiadores, o nome bíblico Ofir, corresponde àquele país asiático). Aliás, é bom lembrar que, não faz muito tempo, arqueólogos encontraram ruínas do porto.Em poder de um dom dado por Deus, imperou soberano e absoluto sobre a terra governando por cerca de quarenta anos com relativa paz e muita prosperidade.
De acordo com alguns estudos, Salomão tinha 700 esposas e 300 concubinas. Suas esposas são descritas como nobres estrangeiras, como a filha de um famoso Faraó, moabitas, sidônias, edomitas, amonitas, hititas e princesas de outros reinos. Outra das lendas, era sua obsessão por mulheres.
Seu império era quatro vezes maior que a Israel do século 21. Se estendia desde Tifsa (no rio Eufrades) por todo o norte até o porto de Elát no Mar Vermelho, chegando ao Golfo de Acaba ao sul. O Egito e o deserto arábico ficavam na parte sul, e os territórios hititas ficavam ao norte.
Controlava uma imensa fronteira litorânea ao longo da costa leste do Mediterrâneo. Seus navios viajavam por todas as terras ocidentais do Mediterrâneo e a todos os portos ao sul que eram acessíveis pelo Mar Vermelho.
Possuía um enorme palácio em Jerusalém e residência de verão nas montanhas do Líbano.
“Todos os copos de Salomão eram dourados”, diz a Bíblia. Seu trono era de marfim, revestido de ouro puríssimo.
Até esse período não existia um lugar especial para cultuar o Deus dos Hebreus. Para eles qualquer lugar era bom para fazer suas preces, mas não para Salomão.
Após consolidar seu poder, decidiu que era hora de construir um lugar especial, um Templo.
Iniciado o projeto, chegaram mestres de Tiro. Reis mandaram engenheiros, construtores experientes, decoradores e materiais e ferramentas em permutas.
O rei Hirã, por exemplo, enviou-lhe arquitetos fenícios, cedro e cipreste, em troca de trigo e óleo bruto.
Segundo alguns escritos, a obra deve ter começado em 959 a.C. e terminada sete anos depois.
Era uma construção exuberante. Um complexo de recintos e pórticos. Seu teto e suas paredes eram revestidos de cedro e detalhes em ouro. Candelabros, vasos, altos e baixos decoravam o interior, segundo descrição da Bíblia.
Quando morreu, seu filho Reboão, que não possuía a inteligência e habilidade do pai, não conseguiu manter o reino unido em torno dele.
As dez tribos do norte se rebelaram sob a liderança de um sujeito com sede de poder, chamado Jeroboão, filho de Nebate, e restou ao incompetente Reboão, apenas o pequeno reino da Judeia.
Foi nessas terras pacíficas e prósperas do passado que os cavaleiros templários e seus companheiros cruzados confrontaram o sucesso e o fracasso, batalha após batalha.
E nesses territórios devastados pela guerra, que eles ouviram histórias sobre o poder, a sabedoria e a riqueza de Salomão, e também ficaram sabendo do seu famoso encontro com Makeda, a rainha de Sabá.
Há controvérsias – como diria aquele aluno da escolinha do professor Raimundo, com relação não só ao nome próprio da rainha e sua real identidade, mas também a localização, tamanho e natureza do seu reino, que ocupava, segundo alguns arqueólogos, um pouco mais de 1,1 milhão de quilômetros quadrados entre montanhas, vales e desertos.
A rainha negra de Sabá, uma mulher de uma beleza estonteante, é conhecida também como Sheba (anfitrião celeste), Arabia Felix (Arábia feliz ou Arábia afortunada), em latim.
Com imensos recursos naturais, o território era pródigo em ouro e pedras preciosas, mas, mais importante ainda, tinha um solo ideal e clima propício para o plantio de especiarias.
Um historiador e viajante grego cristão do primeiro século, chamado Dionísio, declarou que o ar da Arábia era permanentemente perfumado com o aroma de deliciosas especiarias.
Contou da quantidade de aves e rebanhos de carneiros, declarando ainda, admirado, que os pássaros lhe traziam canela em seus bicos.
Os habitantes possuíam tecnologia avançada e notáveis habilidades como construtores civis, muito à frente de seu tempo.
Um exemplo era o seu avançado sistema de irrigação para o sucesso da plantação de especiarias, como diques colocados a cerca de 20 metros de altura. Essa imensa estrutura controlou o rio Adanat durante quinze séculos, irrigando os campos de plantações ao redor da capital Marib, até que tudo sucumbisse em um desastre (estudiosos falam em uma devastadora inundação) em 542 a.C.
Depois do rompimento de sua principal represa, o deserto tomou conta levando miséria e fome.
Sabá visitou Salomão, levando ricos presentes listados na Bíblia, com objetivos puramente comerciais. O principal deles, segundo alguns estudos, era tratar de uma possível liberação do acesso pelo mar, a utilização dos portos sob domínio de Israel, além de permitir um número adequado de soldados da rainha na proteção de mercadores de especiarias contra os ataques de ladrões ao longo das rotas.
Uma das lendas do encontro retrata a perspicácia do homem que ficou conhecido como o imperador mais sábio da terra.
Fascinado pela beleza da rainha negra, Salomão tirou dela uma promessa solene de que nada seria tomado em seu reino enquanto sua estadia, sem permissão prévia dele. Se a promessa fosse quebrada, ela teria que dormir com ele.
Posteriormente, no banquete oferecido pela corte para a rainha e sua imensa comitiva, espertamente, ele mandou preparar alguns pratos especialmente salgados, e antes que ela voltasse aos os seus aposentos, ordenou que fosse colocado ao lado de seu leito uma vasilha com água fresca. Durante a madrugada, tomada por uma sede voraz, a rainha de Sabá bebeu a água sem pedir permissão prévia ao rei quebrando a palavra empenhada. Então, dentro de sua autoridade, cobrou que ela cumprisse a promessa feita.
Outra parte interessante dessa história tem a ver com alguns textos encontrados no Kebra Negast – o Livro da Glória dos Reis da Etiópia (já narrados neste espaço).
Os textos contam que naquela época, de acordo com as leis antigas, o monarca da Etiópia tinha que ser uma rainha virgem.
Depois de seu encontro com o rei dos Hebreus, Makeda não preenchia mais esse requisito, mesmo assim ela continuo a reinar.
Dessa relação nasceu Menelik (cujo o nome significa “filho de um homem sábio”), que foi reconhecido como filho pelo rei Salomão e apresentado aos seus irmãos. Exerceu seu poder sobre os etíopes e foi exaltado como o “filho de uma virgem”, quando se tornou fundador do que eles sempre se referiram como sua dinastia salomônica.
O Templo de Salomão, como ficou conhecido, foi destruído cinco séculos depois pelos invasores babilônicos. Reconstruído, foi colocado no chão novamente pelas legiões romanas, no ano 70 da era cristão.
Para o professor Fanthorpe, é possível que no período pré-cristão as estátuas de uma mulher negra segurando uma criança nos braços – contam que foram os templários que levaram essas imagens para a Europa – representassem a rainha Makeda e o príncipe Menelik, e não Maria e Jesus.
Já o Templo de Jerusalém, sonho concreto do rei Salomão, restou para nós apenas uma muralha, que os judeus veneram e chamam de “Muro das Lamentações”.