As consequências do uso de drogas envolvem prejuízos biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, culturais, ético-legais e morais. Bem como aponta evidências de que a fissura (craving) e o uso de drogas estão relacionados com o sistema dopaminérgico do cérebro.
Podendo-se afirmar que os transtornos mentais por uso de drogas são os mais prevalentes entre os transtornos orgânicos e mentais, de modo que resultam em alto custo para a sociedade. Com isso podemos dizer que os danos, estão para além de individuais e orgânicos, uma vez que interferem diretamente no contexto pessoal, familiar, social, profissional, enfim, tem o poder de transformação total do indivíduo, causando desagregação familiar, marginalidade, desemprego, descrédito, sofrimento, desolação e destruição total.
O usuário de drogas, geralmente, adquire um perfil sarcástico, ridiculariza as pessoas, dá demonstrações inadequadas de afeto, apresenta dificuldade em manter relacionamentos de qualquer natureza. Passa a não se preocupar com a aparência e a única preocupação passa a ser a obtenção da droga. Apresenta a inabilidade para controlar o impulso ao uso da droga e, geralmente, é incapaz de admitir o impacto do transtorno sobre os padrões de vida pessoal e familiar. Passa a ter necessidade de receber ajuda financeira; pode tornar-se agressivo e auto lesionar-se para conseguir a droga. Outra provável característica é a de aprender rapidamente, valer-se da manipulação e da sedução para obter a droga, atribuindo a culpa pela sua situação a terceiros. Não aceita feed-back de outras pessoas sobre os efeitos adversos das drogas. Racionaliza seus atos e é muito sensível a críticas.
Neste sentido, a questão que me norteou a esta escrita, foi buscar evidenciar de forma clara, direta e objetiva algumas das inúmeras consequências do uso de drogas para o usuário, para sua família e para a sociedade como um todo.
A drogadicção consiste em um método de subtração do sujeito, a qual produz uma separação, no que diz respeito aos efeitos da operação de alienação significante. Podendo-se dizer que: na intoxicação não há um morto, mas dar-se por morto. O dependente degrada o seu corpo e o reduz à miséria de sua servidão orgânica. A suspensão frente à angústia e ao desejo através do uso da droga se aproxima da concepção de uma força que conduz o ser vivo para o estado inorgânico, uma destruição de si mesmo, uma pulsão de morte.
O prazer se torna uma fonte de conflito quando o eu se vê obrigado a abrir mão do prazer imediato produzido pela satisfação das necessidades do corpo, ou da satisfação que deriva de sua atividade de pensar. Para o dependente, toda a espera de prazer, seja narcísico ou sexual, é insuportável, pois a espera é vivida com a convicção de que o prazer lhe será recusado.
A relação destes indivíduos com o prazer exige uma exclusividade que está presente na relação do eu com a sua própria atividade de pensar e na sua relação com o corpo: ou se goza do pensamento, e as demandas do corpo são vividas como se fossem um adversário que deveria ser reduzido ao silêncio, ou então goza-se do corpo e neste caso é a atividade de pensar que deverá ser silenciada.
A droga toma um lugar único especial em sua vida. Dessa forma, ela se torna ao mesmo tempo objeto de prazer para atividade de pensar, e objeto de necessidade e de sofrimento para o corpo. Um processo semelhante, ocorre no apaixonamento, no qual o gozo sexual exige a atividade de pensar no objeto amado de maneira exclusiva e obsessiva no registro de uma necessidade, e a ausência desse objeto vem acompanhada de grande sofrimento. Em suma não existe mais o prazer real, natural para o dependente químico. E muito menos, ainda, para a família, para a sociedade em geral, como existir prazer em conviver com uma doença ambulante, que contamina e mata dia após dia.
Como podemos ver a dependência química mata desmoralizando, o dependente perde seu nome e passa a ganhar vários apelidos, o dono do bar é capaz de colocar o lixo para dentro de seu estabelecimento e jogar o alcoólico para fora, o mesmo acontece com o distribuidor de drogas que é capaz de dar crédito até o momento da cobrança, onde o valor é a vida e assim segue em uma sucessão de perdas.
Três possíveis caminhos para usuários e possíveis dependentes, são eles:
1ª C – counselor; comunidades terapêuticas ou clínicas; 2ª C – cadeia; 3ª C – cemitério.
Se você está lendo minha coluna, que bom, isto representa que ainda está em tempo mesmo que já estiver no segundo C; pois onde há vida há também a esperança a força do querer, basta pedir ajuda; para si, para um familiar, para um amigo enfim para alguém que você sabe que necessita.
E também gostaria de deixar um alerta para os familiares, que de certa forma por não saberem lidar com a situação acabam adoecendo e tornando-se insano tanto ou mais que o seu usuário, começam a ter comportamentos muito parecidos e mesmo sem o efeito da droga agem de maneira inadequada, com isso leva a desestruturação familiar aumentando assim a responsabilidade social.
Também deixo três caminhos, iniciados pelo C, são eles:
1ª C – CULPA: você não tem culpa, não foi por amar mais ou menos, ter dado mais ou menos enfim você não é culpado pela doença do outro.
2ª C – CONTROLE: você não consegue controlar o dependente químico, grande engano ilusão eu o conheço e sei lidar com ele(a).
3ª C – CURA:- Você não é a cura nem nunca será pois a doença também tem 3 Cs que vem esclarecer um pouco dos Cs anteriores, são eles:
1ª C – Dependência química não tem uma CAUSA específica.
2ª C – Dependência química não COMO, isto é uma receita única para todos os dependentes.
3ª C – Dependência química segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), não tem CURA.
Portanto, reafirmando o que disse na semana passada, busque ajuda o mais breve possível, seja você usuário, familiar ou um cidadão pronto a estender uma mão amiga. Estarei a disposição para ajuda-los.